Prefeitura de Vic, na Catalunha, propaga mensagem pela independência por megafone e gera polêmica

'Não nos afastemos do nosso objetivo, a independência da Catalunha', diz a mensagem. Líder do partido Ciudadanos fala em 'invasão separatista'. Prédio da prefeitura de Vic exibe bandeira independentista da Catalunha Reprodução/Google Street View Na principal praça de Vic, cidade a 72 km de Barcelona, na região da Catalunha, Espanha, uma mensagem propagada por um megafone do prédio da prefeitura tem provocado polêmica: “Não vamos normalizar uma situação de excepcionalidade e de urgência nacional. Lembremos a cada dia que há presos políticos e exilados. Não nos afastemos do nosso objetivo, a independência da Catalunha”. Assista ao vídeo abaixo: Initial plugin text De acordo com o jornal espanhol “El País”, a mensagem é emitida há dois meses, em dias específicos da semana, sempre às 20h. Trata-se uma iniciativa do governo municipal junto com três organizações independentistas da região: a Asamblea Nacional Catalana (ANC), Òmnium Cultural e Procés Constituent. Ainda de acordo com o "El País", o som dos sinos que precede a mensagem é o mesmo que era entoado para convocar uma organização de civis armados para defender uma cidade em diferentes épocas da história da região. Albert Rivera, deputado no Parlamento da Espanha e líder do partido de centro-direita Ciudadanos, criticou a iniciativa pelo Twitter. “O fundamentalismo nacionalista começa a dar medo: avisos diários por megafone em Vic para lembrar os cidadãos que não se afastem do dogma, que o objetivo é liquidar a Espanha. Uma nova mostra da invasão separatista do espaço público na Catalunha do [presidente do governo local, Quim] Torra”. Questão independentista O movimento independentista da Catalunha tem origem séculos atrás. A região catalã perdeu seu autogoverno em 1714, numa guerra de sucessão pelo trono da Espanha. Em 1931, com a proclamação da República na Espanha, a Catalunha recuperou suas instituições próprias e o idioma catalão ganhou status oficial ao lado do castelhano. Assim como sua língua, os catalães preservam tradições culturais próprias, marcando sua diferença com o resto da Espanha. Em 2006, um estatuto aprovado em referendo deu mais autonomia à região e a definiu como “nação”. Mas a Justiça espanhola anulou a definição. A partir daí, o embate com o governo central da Espanha só aumentou. Referendo de outubro Em outubro deste ano foi realizado um referendo separatista, em que 90% dos votantes foram a favor da independência da região. No entanto, o referendo foi considerado ilegal pelo governo e pela Suprema Corte espanhóis. O conflito entre o governo separatista catalão e Madri atingiu seu ponto alto quando o então presidente da região, Carles Puigdemont, declarou no Parlamento local que a região "ganhou o direito de ser independente" e em seguida suspendeu seus efeitos para negociar com o então premiê espanhol, Mariano Rajoy. Madri, em retaliação, destituiu Puigdemont e parlamento catalão. Puigdemont e outros líderes catalães foram acusados pela justiça espanhola dos crimes de rebelião e de financiar com recursos públicos a tentativa de independência da Catalunha. Puigdemont foi para a Alemanha, onde foi preso, mas solto alguns dias depois, e hoje vive entre a Bélgica. Os outros líderes estão presos na Espanha.

Fonte G1 > Mundo
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